Sorriso nefasto

Fugaz sorriso,

Dito lindo!

Total a falta de siso,

Aparado na desculpa,

Que o momento imputa no verso,

Pois enxerga teu reverso.

Descolorido, inexpugnável, contrário, disperso.

Desemboca na solitária visão.

Da emoção sem bom senso, só sexo...

Morte do aconchego, carinho, chamego.

Sortilégio desfazer do amor num simples gesto.

Abdicar do fato o afeto, pois de fato

É lúdico o caminho a seguir,

Mas é preciso continuar em frente, ir...

Abortar o medo foi preciso

Notório o pânico do escuro,

Comoção gerada pelo sentimento asfixiado,

Sufocado pela desilusão

Esquecer faz-se necessário

O tempo urge

E repasso o instante da mudança em mim.

Já fui romântica, tola sim... Já fui apaixonada!

Tão rápido o sonho escapa aos olhos,

No reinado da realidade desaparece o encanto,

Restando só o pranto.

Meu corpo agora em sintonia com uma forma de canção,

Entoada por minha adormecida sereia

Desperta pela dor, movida pelo rancor.

Que fascina e atrai,

Sensual mulher sereia, nua na areia...

Ínfima nota escapa dos lábios.

Insanos, sedutores, sedentos, profanos...

Reivindicando o prazer de te ter,

Será o final da terra, te arrasta para o mar... Te amr, devorar.

E se projeta o futuro na ampulheta

Filme em preto e branco,

Disfocado, sem luz,

Esconde a sujeira que a angústia produz

Reviro a ampulheta,

Metamorfoseando a lagarta,

Que anseia voar como borboleta...

Ao encontro da luz,

Sucumbiu incinerada mais feliz?

Livre do alcance das mãos,

Próximo, muito próximo da paixão.

Aspira, inspira o ar,

Desfazendo os nós,

Atravessando céus e mar,

Como um belo e perigoso albatroz

Que se lança no mar de calmaria,

Mas busca mesmo águas agitadas e ventanias.

Turbilhão de sensações

Faz-me implodir o peito,

Dilacerado, sangrado refeito e desfeito.

Vital órgão exposto...

Meu sorriso se refaz, a cada novo olhar,

Capturado pela gula curiosa e masculina,

Meu sorriso indica perigo,

Meus lábios induzem, seduzem.

Instiga ao pecado no passado, no presente.

A falta de tato,

Arma fatal meu tato, hálito, contato.

Pode deixar a mercê da sorte,

Quiçá da morte!

Observadora
Enviado por Observadora em 21/02/2008
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