Identidade
Talvez eu fosse melhor se ficasse calada,
Mas quem disse que eu quero ser boa?
Talvez fosse menos fácil se eu não pensasse,
Mas não quero ser uma máquina
Quero ter essência, consciência, tendência
Mas sou turbulência, loucura, carência
Ainda assim, melhor do jeito que estou
Que do jeito que os outros estão
Que do jeito que os outros são
Que aqueles que acreditam
Que todo ato é perdição
Se nasci por algum motivo
(se é que existe uma missão)
Vou tentar ouvir os meus instintos
E agir de acordo com a minha incerta vontade
Talvez fosse melhor se ficasse parada,
Mas não quero ser poste, parede ou marco
De estática já basta a rotina
Quero ser sempre menina
Pra brincar de atirar com meu arco
E atingir os outros por bem ou pro mal
Talvez eu fosse normal se não teimasse em escrever,
Mas se não escrevesse me tornaria ainda mais insana
Entre os meus vícios os menos nocivos e mais dolorosos:
pensar e sofrer,
tentar viver,
sentir e escrever...
Deve ser parte do meu ser
a busca do entender
Ou simplesmente perda de tempo
por não poder viver o momento
Mas eu sou minha marca profunda
tatuagem na alma,
cicatriz na minha calma,
Identidade...
Gravada e escondida dentro de mim.