Um fantasma dentro de mim

Tudo ao meu redor se vê obsoleto

Como apulhetas jogadas ao vento

Como se o meu mais puro e óbvio sentimento

Fosse a cura de uma doença que mata devagar

Todos os meus fantasmas me mostrando tardiamente

Que viver não faz sentido algum

Quando somos marionetes nesse mundo inconstante

Impotentes e estéreis, sem destino nenhum

Um estigma será deixado em nós para lembrar...

Escreva com sangue minhas póstumas memórias

Siga a trilha de minhas cinzas secas da realidade

Sinta o peso dessa intensa morbidade

Não há mais nada para contar em minha breve história

Afaste esse brio

Console-se no breu de seu pensamento

Ainda há vida mesmo depois do fim

Tranborde esse gozo

Vou rezar minhas orações por um momento

Para exorcizar o fantasma dentro de mim

Essa culpa impregnou-se em meus sonhos

Como uma pintura abstrata e disforme

Deixe então que essa lava entorne

Por minhas veias e me faça queimar

Essa embriaguez me cega a alma

Em uma débil melancolia

Perturbe minhas bonanças com a dor de amar

Faça-me desaparecer em uma longa apatia

Hoje, um estigma a mais irá sangrar em mim

Esse sangue impuro não escreverá minha sentença

Essas cinzas não indicarão meu caminho

Mórbido será o vento que sobreviver sozinho

Nessa história breve que se fez intensa

Desejos assombrados

Vagando em indulgência

Há um fantasma dentro de mim

Sobrevivendo nesta vida que parece não ter fim...