Intenções cruéis

Sinta esse mar revolto que brota de minhas canções

E a promessa infinita que pousa em minha poesia

Minha dor se vestiu de luto nessa lúgubre teimosia

De viver mesmo com uma esperança perdida

Sinta o enigma que fortalece meu espírito

E o lamento que a cada noite me afrontou

Meu corpo dormente com o frio da minha alma

Um sopro de maldade me faz ser quem eu sou

Arda em brasa, paixão incandescente

Ofusque a paisagem com sua nudez despudorada

Floresça em inocência, perca-se nesse sol poente

Uma luta sem fim será travada

Adormeça, sonho inconstante

Voe até o limite de toda sua luz

Prove do fel que emana dessa vida real

Eu deito minha cabeça em memórias de cetim

E delírio em desejos nunca conquistados no fim

Sinta essa claustrofobia que me sufoca

As intenções cruéis dessa monotonia

Em minhas flores nasceram pólens de lágrimas

Onde meu mais profundo rio desemboca

Sinta o sadismo que percorre por minhas veias

Essa maneira doentia de amar, essas feridas expostas

Fui corrompida pela mais doce agonia

Pelas mais freqüentes perguntas sem respostas

O fogo lambe essa cera

Que derrete minha alma e a noite inteira

E derrama meu sangue em ilusão

Em uma doce vida, vivida em vão...