DESÍGNIO
Eu ainda estou tateando as primeiras letras
Moldá-las não é tarefa fácil
Domá-las é algo possível, mais aí,
Talvez elas fiquem tristes
Percam a leveza, a possibilidade do vôo.
Vou escrevendo nesse chão que me cabe
Pequenas oferendas em forma de poesia.
Uma poesia rústica, rude, é bem verdade,
Mas entremeada com a mais sincera das sinceridades,
Com coisas que aprendi com gente que anda em simplicidade.
Ouço a voz do vento e leio as estrelas
Tenho uma inexplicável paixão pelas águas
Talvez por isso, meus olhos sejam de chuva.
Insurjo-me e me inflamo facilmente contra as injustiças
Principalmente, quando lançadas sobre os pequenos e fracos.
Eu sou aquele que não tem bandeira
Nem pátria, partido ou destino
Apenas vou por esse caminho
E onde quer que tenha alguém faminto, humilhado, destituído,
Lá estarei, em poesia, fúria e olhos de tigre.