eclipse

Dia após dia

Vivenciamos eclipses

Do sol com a lua

Da lua com a sombra

Da água com a terra

Da mágoa com o amor

Despedaça-me por dentro

As punhaladas repetidas que

Esmagam a esperança,

Vedam as janelas e portas e

Abrem o gás.

Dia após dia

Vivenciamos eclipses

Paradoxais

Da individualidade com a sociedade

Do estilo com a simplicidade

Do verão com o inverno

Do outono com a primavera

Interseções marcantes a nitidamente

A revelar dois mundos,

Dois segundos,

A dispensar a lógica e a metafísica

A dispensar o compasso da música

E ficar remoendo letras

De uma vereda um furacão aparece

De uma folha a fotossíntese enternece

Todo um jardim

Florido das emoções,

Riscados por medos,

Rasuras e garatujas

Desafiam minha compreensão banal

E prosaica

Ao limite de dor suportável pelos escravos

Meus pés no chão descarregam a eletricidade

Que percorre meu corpo, minha alma,

Espalha-se pela sombra

E continua nos meus pensamentos

o tempo faz elipse com o espaço

a dor faz elipse com a vida

a morte faz elipse com a eternidade

quem se salvará nesse turbilhão

de angústias e mágoas

eclipsadas pela esperança de se encontrar,

de encostar e, simplesmente

esperar por mais um eclipse

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/02/2008
Código do texto: T868271
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