Em sono profundo
Não quero ver a luz do amanhecer
Nem ao menos contemplar um novo dia
A canção dos pássaros não irá me enternecer
Mesmo que deles venha a mais doce sinfonia
Longos passos eu caminhei até este sonho
Amaldiçoando tudo que encontrei pelo caminho
Inerme, jogada à própria sorte
Como uma noite exausta esperando a morte
Lutando contra o fascínio da minha imaginação
Deixe-me sedada
Enterre a realidade no jazigo da lembrança
Prenda meus sentidos sem chance de fiança
Essa inefável escuridão irá me purificar
Devaneios lúdicos acariciando minha tristeza
Embriagando meu momento mais perfeito
As canções mais tristes embalando minha jornada
Anjos da noite guardando meu doce leito
Quando a luz me deixar abandonada
Cante para que eu possa logo dormir
Em breve esse fogo irá se extinguir
E eu poderei me libertar
Finalmente perdida em meu inconsciente
Adormecida em paz e tranquilidade
Não venha me acordar com um beijo latente
Não ultrapasse os espinhos que me cercam
Que me protegem de viver pela metade
Que as fadas me forneçam cem anos
Longe de tudo que pode me ferir
Eu quero apenas sonhar...