Espelho, espelho meu
Espelho, espelho meu
Quem é essa figura que refletes em teus cacos
Nesta moldura feita de sangue e carne
Que ainda sinto meu meus lábio ávidos
Provando o gosto de uma tortura
Semeada em amor, paixão e tontura
Espelho, espelho meu
Por que me assombra nessa única simetria
Mostrando-me a beleza que me possui de dia
E a maldição que à noite toma essa face perdida
Em libido, sedução e dor
Quem irá me provar que há amor além dessa face
Que há uma sina perfeita por trás desse impasse
Uma névoa encobre um reflexo imaginário
Para mostrar que há mais a que se ver em mim
Olhos céticos miram a silhueta nessa escuridão
Esperando a resposta de uma pergunta sem direção
Diga-me que sou a mesma que me refletes
Ou minha alma se perdeu procurando outra explicação
Espelho, espelho meu
Prove que essa pureza que minha face adorna
Perdeu-se em um misto de mágoa e dor
Que banhou minha ira em água morna
Lavando o que restou de cada um dos meus pecados
Em luxúria, cobiça e mel
Espelho, espelho meu
Pare um minuto, e tente você observar a mim
Cante tudo o que você vê e que mais ninguém diz
Sinta em sua pele esse estigma sem fim
Tirando em mim as chagas que marcam meu corpo
Em medo, saudade e aflição
Quem irá me mostrar que há esperança nessa morte provisória
Que há uma nova imagem que espelhará essa história
Enquanto uma lágrima escorre por entre olhos de pedra e dor
Pois este reflexo não me mostra minha beleza interior...