SANTAS OU PROFANAS?

Aprendi a lidar com a distinção entre a visão e o tato

Porque nem tudo que se vê é inequívoca constatação

Por vezes a palavra repleta de moralismo é mero teatro

Dando prova de ser verdade a tal história sobre cara e coração!

Céu avermelhado nem sempre é sinal de chuva iminente

É preciso ter cuidado com os espinhos escondidos numa linda flor

Ás vezes o belo rosto é o oposto da feia alma que tanto mente

Às vezes o aroma da verdade só ilude o engodo presente no sabor!

Assim, a celebrada moralidade tem os seus porta-vozes

Alguns residem por baixo de longos vestidos ou no afiado falar

Sua real enfermidade não se enuncia por febres ou mesmo tosses

São doentes por julgarem nos outros, o que em si precisam disfarçar!

Vou dizer sem rodeios o que os olhos recalcados não querem olhar

É que já tive em meus braços, muitas damas da santidade

Também já vislumbrei pecadoras contumazes num honroso altar

Vi mulheres nobres enganando e as condenáveis dizendo a verdade!

No desfile do prazer, não escapam as santas e as profanas

Na vereda de seu discurso, eu decido que não vou

Quem se esconde sob máscaras, se revela sobre as camas

São atrizes de diferentes palcos, mas que encenam um mesmo show!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 19/02/2008
Reeditado em 30/01/2012
Código do texto: T866366
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