SANTAS OU PROFANAS?
Aprendi a lidar com a distinção entre a visão e o tato
Porque nem tudo que se vê é inequívoca constatação
Por vezes a palavra repleta de moralismo é mero teatro
Dando prova de ser verdade a tal história sobre cara e coração!
Céu avermelhado nem sempre é sinal de chuva iminente
É preciso ter cuidado com os espinhos escondidos numa linda flor
Ás vezes o belo rosto é o oposto da feia alma que tanto mente
Às vezes o aroma da verdade só ilude o engodo presente no sabor!
Assim, a celebrada moralidade tem os seus porta-vozes
Alguns residem por baixo de longos vestidos ou no afiado falar
Sua real enfermidade não se enuncia por febres ou mesmo tosses
São doentes por julgarem nos outros, o que em si precisam disfarçar!
Vou dizer sem rodeios o que os olhos recalcados não querem olhar
É que já tive em meus braços, muitas damas da santidade
Também já vislumbrei pecadoras contumazes num honroso altar
Vi mulheres nobres enganando e as condenáveis dizendo a verdade!
No desfile do prazer, não escapam as santas e as profanas
Na vereda de seu discurso, eu decido que não vou
Quem se esconde sob máscaras, se revela sobre as camas
São atrizes de diferentes palcos, mas que encenam um mesmo show!