RELEMBRANÇA

Euna Britto de Oliveira

Minha mãe...

Pra que vou acordar minha mãe?

Deixo-a dormir em paz, na gratidão.

Apago a luz do tempo do quarto

E saio de mansinho...

Fecho a porta com cuidado,

Como fazia meu pai,

Que tinha essa educação.

Lá fora, ninguém grita.

Não é mais o campo,

Nenhuma criação pia.

Estamos na cidade,

Sem chácara, sem pés de cana,

Sem melancia entre as ramas...

Sem as aves do terreiro

E sem os animais do curral...

Mas o que temos de menos, mesmo, são os dias.

Daqui a pouco, não mais seremos seis...

É bom não saber o futuro.

Quem iria agüentar saber com antecedência

Parte do que para mim hoje é passado?

Novas pessoas chegam

Com grande ou pequena bondade.

Saudade, saudade...

Realidade.

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 19/02/2008
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