RELEMBRANÇA
Euna Britto de Oliveira
Minha mãe...
Pra que vou acordar minha mãe?
Deixo-a dormir em paz, na gratidão.
Apago a luz do tempo do quarto
E saio de mansinho...
Fecho a porta com cuidado,
Como fazia meu pai,
Que tinha essa educação.
Lá fora, ninguém grita.
Não é mais o campo,
Nenhuma criação pia.
Estamos na cidade,
Sem chácara, sem pés de cana,
Sem melancia entre as ramas...
Sem as aves do terreiro
E sem os animais do curral...
Mas o que temos de menos, mesmo, são os dias.
Daqui a pouco, não mais seremos seis...
É bom não saber o futuro.
Quem iria agüentar saber com antecedência
Parte do que para mim hoje é passado?
Novas pessoas chegam
Com grande ou pequena bondade.
Saudade, saudade...
Realidade.