O que sobrou do silêncio
Ela observa seu rosto cansado
Nos doces espelhos da morte aliviadora
Sua consciência proibindo tamanho pecado
Seus demônios provando que o castigo eterno
É o destino de uma inocente sonhadora
Entre vozes caladas e verdades impiedosas
Vivem seus amigos imaginários
Com quem ela troca confidências silenciosas
Ouvindo melodias sem ruído
Acreditando que seus pesadelos são apenas temporários
Sua alegria em contraste com melancolia
Suas lágrimas encobertas por risos falsos
Apenas o silêncio é sua companhia
Onde se escondeu o conto de fadas
Que foi transformado nessa rotina
Como reconhecer o perigo escondido
Nessa depressão que sempre facina?
A música tocou só mais uma vez
E com o silêncio veio toda lucidez
Ela saboreia romances banais
A felicidade alheia, um amor que não lhe pertence
Aceitando o fardo, ela ainda pede mais
Nesta realidade onde nada convence
Acostumando-se com um espírito solitário
Uma febre sem dor nem cura
Suas palavras eternizadas nas páginas de um diário
Para confiar seus segredos
Nem a alma é segura
Rastros de esperança hão de sobrar
Alimentando a falta do dia-a-dia
Nesta areia seus dedos irão desenhar
Nada que pertença a essa fantasia.