POEMA DO AMOR PRÓXIMO AO ALTAR
companheira de amor,
ainda solteira,
mostra-me
um pouco mais teus defeitos:
detesto perfeição!...
sei,
tens um gênio forte,
mas viver, vez em quando,
sem tua carinha-picuinha,
melhor seria conviver com a morte-pasmaceira
dos que deixam se levar sem a contradição
do aprendizado de saber conviver a dois.
companheira de amor,
ainda solteira,
antecipo-te os meus quase irrecuperáveis defeitos:
ah, como serei melhor!...
sei,
sou sublime demais para hoje em dia,
contraponho-me ao estresse e às ansiedades,
acordo tarde esperando as manhãs do amanhã,
— sem pressa, elas virão —
atendo ao telefone como se ele não chamasse
e, com a voz em silêncio, falo como quem gritasse
esperando tua, sempre, sinceridade
a criticar meus maus defeitos.
companheira de amor,
— de claridade, de escuridão, de alianças —
ainda solteira,
como é sereno o despertar da paixão
e o casar,
sem precisar ter que acordar
para a realidade da mais humana imperfeição.