Olhos de Vidro


Em minha ignorância noturna
o astro invade meu quarto escuro
através das frinchas da parede,
outros tantos pontinhos fulgurantes me piscam

Um cão magro do outro lado da rua
esbirrado no muro
uiva com a cabeça eriçada
e olhos de prata

Um ébrio sobraçando uma garrafa
cambaleia com a cabeça arriada;
seus pés deixam um rastro comprido na areia
acordando uma nuvenzinha de poeira

Ginga dançando com a própria sombra
num ritmo escabroso

Pelo esquadro da janela
observo-o entocado na noite

Enquanto a lua de prata me olha,
pairando sobre minha cabeça.