( Uma leitura de "A voz da Tela"- Oswaldo Montenegro)
O Desenho dos Passos
Por C.G.
O desenho dos passos
retratam imagens em preto e branco
na tela pintada por dez mil Picassos
que celebram a velocidade dos giros,
na dança perdida no tempo
e na sombra da estranha beleza
Os riscos das lágrimas
marcam espelhos e desenhos
retratando frases e palavras,
choros, sintonias, esferas na poesia.
E silencia porões e marés
No tempo eterno em esperar, esperar, esperar
Que ao mesmo tempo que traz os nós
Trabalha a dor de partir os passos
Em plena dança dos girassóis
Na poesia de tantos espelhos
Que ao mesmo tempo que traz os pós
O vento a faz dançar sozinha
No mesmo tempo em que poupa o branco e a loucura
Na claridade perfeita daquela voz...
(...)
E aí... começa a música...
(...)
Voz
Mais leve que o tempo e mais
Que a bailarina pisando em cristais
Entre o orvalho e a manhã
Sóis dez mil picassos pintando a tela
A mãe da terra é a voz
Das paixões, dos heróis
Dos incêndios frios
Gás nossa palavra virou estrela
Brilho, espelho veloz
Da paixão que se prende à garganta
E canta e canta e vira
Voz dos homens que choram mais
Velha druída que cala e diz "paz"
Com olhos de cortesã
Faz de mil pedaços o amor inteiro
Prisioneiro e algoz
Nos porões, nas marés
Nos umbrais vazios
Traz a porta que abre o baú do tempo
Abre e zela por nós
Com a paixão que se prende à garganta
E canta e canta e vira voz