ENCANTO
Eu quero ser o poeta dos encantos,
Que encantos há por toda parte.
Há beleza no amor, na dor e arte
E há dor, amor e arte até no pranto.
Há no pranto o encanto da beleza
Quando a tristeza resultar de grande dor.
E não há dor maior que a da tristeza
Nascida nas chamas de um grande amor.
Hão de dizer-me que, pasmos, sou um triste,
Que encanto na tristeza não existe,
E nem existem essas dores em meus cantos.
E eu direi que os prantos tristes que derramo
São tão belos quanto a Tristeza que eu amo
E mais cantá-los não poderei, em meu encanto.