Prelúdio de um sonho

Da fonte da juventude, eu bebi até o fim

Ouvido a lira que não me forneceu música nem poesia

No poço dos desejos perdi toda minha fortuna

Sentido apenas dor e uma eterna melancolia

Corri pela imensidão de um oceano

Para provar que sou mais veloz que a luz

Dançando até cansar minha alma na melodia

Sob a chuva que veio para levar minha energia

Livre-me deste corpo pagão

Essa carne que deseja e seduz

Esse sangue a paixão conduz

Até a dor que me faz viver

Viva a realidade severa

Há verdades ainda não ditas

Mergulhe na pureza de um sonho infantil

Desenhe estrelas no céu da manhã

O cálice proibido irá se partir...

Da canção dos cisnes eu roubarei as rimas

Da chuva de gelo, eu tirarei todo o calor

Essas brumas irão se fechar escondendo o pecado

Não há testemunhas para um crime de amor

Livre-me dessa sóbria castidade

Dessa sádica e frígida ilusão

Essa dança, decorada como oração

A dor da solidão me faz morrer...

Durma pela eternidade

Eu já peguei pela vida inteira

Estou nua, indefesa nesse teatro da vida

Sonhando acordada, porém,

Calmamente adormecida...