Certas pedras vão...

Certas pedras vão ficando por aí

Certas pedras, como pedras que aparecem

De onde nem se pode imaginar

Imaginando pedras por aí,

De olhar esgelho no vidro

Solto em beira de estrada,

Estrada de pedra que vai por aí

Solto, que prende a sua atenção

Na falta que faz a atenção

Feito pedra, solta por aí

Pedra de pedreira maciça

Sem brilho de novo, sem brilho

Como os olhos que não me quer

E se quer, não é para esse momento

E por aí, ficam feito pedras

Sobrepondo o caminho

As pedras que falam,

Uma linguagem sem medo

Selvagem como eu, apenas eu sei ser

Pedra no sapato de novo

Se pouco falo, pouco tenho a dizer

Sem pedra, mas de coração

Tudo aquilo que me falta

Do olhar desconfiado

Da pouca fala que me fala

E nada quer me falar, apenas pedra

Por tudo que me provoca, sorte

Por me querer por perto e longe ao mesmo tempo

Por me querer distante, mas ao alcance da vista

Pedra que me nega e me deixa de lado

Como se pedra fosse, para ficar bem aí

Olhar de vidro, cascalho que em volta do jardim

Na beira do mar, beirando a vida, o mar sem perdas

No outro universo, suspiro de saudade na tarde de tantos ontens...

O cheiro que nem pedra é, mas cheira bem

Por tantos caminhos que nem mil pedras impediu

E hoje tem medo da perda

Cala mais cedo, foge mais rápido

Cai mais depressa sem ter abismo

Visto a cara que tenho, seja qual for a pedra

Perto que vai o caminho de ontem

Tudo é mais importante, o caminho de ontem

Tudo é mais pertinente, o caminho de ontem

Pedra sobre a perfeita condição

Como se ontem fosse apenas uma passagem

No caminho do amanhã

Outra pedra, outra luz, outra visão

E o coração aqui ainda bate

Mesmo que você só veja uma pedra.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 29/03/2005
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