A CAÇA E A LÔBA

Na penumbra de sua solitária noite

Ela me encanta qual sereia e me provoca com seus uivos

E passeia nua, pedindo que meu cobertor lhe acoite

Prometendo temporais de libido em meus horizontes ruivos!

Ela fareja o paladar da minha extrema volúpia

De sua boca glutã brota a sede pelas fontes de minha juventude

Foge da minha cilada e destemida me caça por sua rota dúbia

Uma lôba predadora mirando-me qual presa de sua atitude!

Jamais me deparei com tamanha fartura

Nem as tâmaras e amoras são comparáveis ao seu vinho

Nem as taças da plena embriaguez legaram-me semelhante tontura

Como ave do inverno fugitiva, deleitei a minha sanha no seu ninho!

Ela é a diva das manhãs e já foi musa de incontáveis primaveras

Quem mora em seu cardápio ignora o que seja a míngua

A audácia de seu olhar despedaça mais que o ataque de dez feras

As fontes das matas virgens invejam os percursos de sua língua!

Sejam sagradas essas horas formadas de minutos profanos

Que a sorte me faça vítima de sua impetuosa caça

Seus uivos dedilham delírios que remetem à emoção dos tangos

Nem mesmo o passeio das ninfetas desfila tamanha graça!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 12/02/2008
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T856787
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