Plenitude duvidosa
Acho que honra é bom
num jeito livre de acasos.
Quero liberdade sempre,
apertando tudo em espasmos.
Espasmos de prazer,
na força de conter impulsos,
que dilacera a alma,
tragando formas e recursos
que as formas se misturarm a fumaça de um ambiente ambíguo.
Num entrelaçar de pernas doces e alertas
que se espalham e ao mesmo tempo se apertam.
As cores disformes dos movimentos se encontram.
Nuances distintas se entrevam em um espetáculo único.
As dores esquecidas se desmontam.
De um terror surge-me cores em circulos.
As diferenças desmontam vínculos
e os vinculos me fazem perder a noção de compromisso.
Minha noção ressurge das crostas do tempo
O tempo?
Seria ele uma armadilha do novo século em suspensão?
Ou seria apenas uma marca diante do que se pensa ser o perdão?
Perdão?
A escória de minhas lembranças não deseja mais tal consolação.
Há apenas a certeza de que meu traço é feito com minhas mãos.
E traços são o máximo que posso fazer por tal paz, como faço amor a
[perder-me em descompasso.
E compassos são o mínimo do que me mostra capaz, tal como pacifico
[o que amo por passear sobre o feito do que perco.
E a perda é senão o inicio de um perdão, palavra entrecortada.
Malfada a minha voz exige plenitude.
E das falhas sou toda uma só voz.
Da falha sou a voz, num total de inquietude.
Enfim que me martiriza os prazeres terrenos.
Sem corte, sem perdão.
Toda perda, toda plenitude...
Toda prazer.
Todos entremeios perdidos de si mesmos.
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Composição em conjunto com minha cara amiga Lola, a qual se deve o brilhantismo do texto.