Ondas
O vento calou outra vez suas preces
E ela se jogou inteira no oceano
Esperando que dele viesse a virtude
Que tanto desejou seu coração humano
Juntou-se então às criaturas em harmonia
Em uma dança mística de sedução
Por suas veias, vaga apenas o sal
Do mar, e de lágrimas derramadas em vão
Será que tudo valeu a pena?
Afogando-se em lendas e promessas
Enterrada viva entre as ondas...
Não tardará mais sua paz
A correnteza desse destino encontrou direção
Deixe que as estrelas do mar brilhem na escuridão
Que se tornou seu refúgio para sempre
Antes que a Lua se esconda no mar
Em desespero ela fecha os olhos...
Enquanto suas lágrimas se confundem com as estrelas
Sua alma é tudo o que as ondas irão levar
Como pegadas de um anjo invisível
Seus pés caminham sobre as águas nuas
Miragens vazias, um sonho perecível
Ela agarra todas as esperanças como se fossem suas
E deixa a noite despir sua pele inteira
Arrastando-se pela dor mais infinita
Como sombras corrompidas pela luz
Amaldiçoando o silêncio da solidão
As pedras que eu vejo se tornaram sua cruz
Deixe que as histórias sejam escritas na areia
Deixe que a morte prepare sua teia
Já que as ondas não podem levar
O que a mente não consegue esquecer...