ZEBRA
Tudo tem cara de loteria
Mas passam batidos no desvio da vida
Parece que bebem,
Parece que brigam,
Às vezes nem parecem,
Mas apostam cada ficha de forma ferrenha
Nem se preocupam se vai faltar alguma coisa
Sem jogar, não se ganha porra nenhuma
Cacifados pela esperança
Roçam os bolsos vazios a procura de mais,
De muito mais,
De algo que nem poderiam contar
São sonhos de um fim de vida
Daquelas bem precárias
Onde o desgosto anda lado a lado como sua sombra
Espremem sua verba como um coletivo no pico
E olham para os números babando o gozo do outro,
O gozo dos bem providos
Vale tudo, qualquer coisa, tudo mesmo
A crença, a descrença, o despacho, o bicho,
As cartas, a cola, o que vier mais
Uma falsa esperança, dizem muitos,
Que se espelham apenas na labuta para conseguir um fim digno.
Mas o mundo vai girando, girando, girando,
Com a roleta da sorte pulsando mais forte,
Mais rápida, do que o próprio coração
O sufoco da vida tem que ser ganho
Custe o que custar
É a inércia coletiva, aplaude o outro,
Querendo chegar lá,
Mas, pouco fazendo, se muito, jogando
Até dar zebra.
Peixão89