ZEBRA

Tudo tem cara de loteria

Mas passam batidos no desvio da vida

Parece que bebem,

Parece que brigam,

Às vezes nem parecem,

Mas apostam cada ficha de forma ferrenha

Nem se preocupam se vai faltar alguma coisa

Sem jogar, não se ganha porra nenhuma

Cacifados pela esperança

Roçam os bolsos vazios a procura de mais,

De muito mais,

De algo que nem poderiam contar

São sonhos de um fim de vida

Daquelas bem precárias

Onde o desgosto anda lado a lado como sua sombra

Espremem sua verba como um coletivo no pico

E olham para os números babando o gozo do outro,

O gozo dos bem providos

Vale tudo, qualquer coisa, tudo mesmo

A crença, a descrença, o despacho, o bicho,

As cartas, a cola, o que vier mais

Uma falsa esperança, dizem muitos,

Que se espelham apenas na labuta para conseguir um fim digno.

Mas o mundo vai girando, girando, girando,

Com a roleta da sorte pulsando mais forte,

Mais rápida, do que o próprio coração

O sufoco da vida tem que ser ganho

Custe o que custar

É a inércia coletiva, aplaude o outro,

Querendo chegar lá,

Mas, pouco fazendo, se muito, jogando

Até dar zebra.

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 29/03/2005
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