TODO AMOR DO MUNDO
Quero, compondo uma sinfonia,
Conhecer do amor a urdidura,
Plasmá-la em branca partitura
Unindo almas por analogia.
Quero sentir, no beijo, a tessitura
De lábios que dão arrepios,
E, subitâneo como um raio, os fios
Dos cabelos elevarem-se às alturas.
Quero sentir como açoite
As notas zimbrando, pouco a pouco,
E tomando forma no bastidor tosco
Crescer em mim toda a noite.
Porque são como folhas novas
Ricas em som, que retempera,
De pássaros na Primavera
Inspirando sonetos e trovas.
Quero, desta obra, toda trama
Presa entre as linhas da partitura
E executada em momento de loucura
Por dois amantes na cama.
Nota após nota, findou a sinfonia,
Unida ao universo e ao cio da terra,
Abre-se em verde e os olhos ela cerra
Em desejos de primaveril fantasia.
Testo minha obra em dó profundo
Extraído do âmago da alma.
O vibrato minha ânsia acalma:
Eu quero todo amor do mundo.
10/02/08.