Nocte Latent Mendae
Nocte Latent Mendae
Aos que fingem que não fingem.
Tatear de mãos,
Silêncio,
Auscultação.
Rastejando, chegam.
De noite se ocultam e chegam.
A noite cega dá lugar ao engano,
Nela não há sombras.
Visões moldadas do dia,
Desaparecem na escuridão,
Nada há nos moldes, à noite.
Nela, há:
Homem, Mulher,
Ou usuários do vice e versa,
Sonhadores, tímidos,
Secretos, devassos.
A noite oculta a verdadeira forma,
À noite, ocultam as formas,
Até entre quatro paredes cria-se noite em plena luz do dia,
À noite, não se pode ver claro,
“Deve temer a muitos aquele a quem muitos temem”.
Formas secretas,
Metamorfose noturna,
Mentirosos, fugitivos, ridículos fingidores.
Nocte latent mendae,
Os defeitos à noite parecem ser perfeitos,
Neles, os dias duram noites e, as noites, duram pouco,
De noite, os defeitos se ocultam, nos dias.
Ocultam-se pensamentos, palavras, gestos, ações, desejos...
Desejos, desejos.
Só a noite oculta.
Sair da noite,
Deixar nascer o dia,
Mostrar-se nu: eis um desejo.
Mostrar-se sem sombras, moldes ou formas,
Mostrar-se! Deixar de ser noite e ser dia.
Defeitos se ocultam,
Ocultam-se nos defeitos, à noite,
Oculta, verdadeira face.
Em face do oculto,
Não é dia.
Só de noite os defeitos se ocultam,
Os defeitos se mostram nos dias de noite.
Revelar o secreto,
Preferir noites fingidas e frias a os dias,
Mostrar as faces,
Mostrar-se nu,
Melhor do que se mostrar é se descobrir,
Levantar dos sonhos,
Deslizar o oculto de sobre a pele, cai.
Quinhão de linhas macias,
Mediar do medo vergonhoso,
Sem ter medo da noite à luz dos dias.
Carlos José Maciel Alves.
P.S.: Esta poesia está devidamente registrada em cartório no nome do autor. Toda reprodução sem a devida autorização sofrerá as sanções penais previstas em lei.