O mar à janela

Da janela do apartamento

Joãozinho olhava o mar.

Olhava o mar e perguntava:

Que é aquilo?

A ele respondiam:

É o mar.

Da janela do apartamento

Joãozinho olhava o mar.

Olhava o mar e dizia:

O mar é tão lindo.

A ele diziam:

É... É lindo.

Da janela do apartamento

Joãozinho olhava o mar.

Olhava o mar e pedia:

Deixa eu descer para olhar o mar?

A ele respondiam:

Não. Não pode.

Da janela do apartamento

Joãozinho olhava o mar.

Olhava o mar e perguntava:

Posso ir pegar no mar?

A ele respondiam:

Não. Nem pensar.

Da janela do apartamento

Joãozinho olhava o mar.

Olhava o mar e questionava:

Por que não posso ir tomar banho no mar?

Não. É perigoso.

Da janela do apartamento

Joãozinho olhava o mar.

Olhava o mar e definhava.

E definhava...

E definhava...

E definhava...

A janela continua lá.

O apartamento continua lá.

O mar continua lá.

Mas... e Joãozinho, cadê?

Joãozinho?

Joãozinho jaz.

Jaz sem ter sentido o mar.

Jaz sem ter pegado no mar.

Jaz sem ter tomado banho no mar.

Mas uma coisa Joãozinho fez,

alguém disse.

Disto ninguém pode reclamar,

continuou dizendo.

Olhou bastante para o mar

da janela de seu apartamento.

Francilangela Clarindo
Enviado por Francilangela Clarindo em 09/02/2008
Reeditado em 23/03/2010
Código do texto: T851978
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.