PAI, COMO A COISA MUDOU !

PAI, COMO A COISA MUDOU !

Ô paizão, que saudade !

Sei que está em bom lugar

Vivendo na eternidade,

A me ver e escutar.

Aqui está tudo mudado,

O senhor só vai acreditar...

Porque este seu filho amado,

É quem vai lhe contar.

Depois que o senhor partiu,

Nosso mundo ficou mais louco

E ainda não ruiu,

Mas acho que falta pouco.

Aquele flerte gostoso,

Trataram de enterrar

E o nosso namoro fogoso,

Agora chamam " ficar ".

Tanto tempo para "cavar " um beijo,

Como isto era bacana,

Hoje, no primeiro ensejo,

O casal já vai pra cama.

As garotas eram virgens,

Agora, somente azeite e CD,

Só em pensar, dá vertigens,

Gonorréia, hoje é HIV.

Sei, não dá pra entender...

Eu traduzo pra você :

HIV, vírus que faz morrer,

CD, o sucessor do LP

E já mudaram outra vez,

Para o atual MP3.

Lembra do telefone de discar ?

Veio depois o de teclado

E o sem fio, que chegou a usar...

Mas o planeta tá tão mudado,

Inventaram o celular,

Que é usado em qualquer lugar,

Pequenino, cabe no bolso,

Com o mundo eu falo e ouço.

Lembra-se das drogas, quando,

Eram remédios para curar ?

Os jovens estão usando,

Outras, mas pra viciar.

Aquelas famosas serestas,

Não sabem o significado

E nossas alegres festas,

Hoje é local de drogado.

Não sei nem como explicar...

Homens em matrimônio,

Mulher a se masculinizar,

É coisa de manicômio !

Pai, parece piada,

É de não se acreditar,

O Congresso tem bancada,

Somente pra nos roubar.

Os homens estão de brinco,

Dizem, pra ornamentar,

Desta coisa eu não brinco,

Prefiro assim ficar.

Os caras afeminados,

Antes chamavam veados,

Hoje se chamam de "Gays "

Em inglês, por quê, não sei.

As cartas pra namorada,

Iam pelo correio

E que demora danada !

Hoje, vão por e-mail.

A palavra é pronunciada

Como se fosse i -1/2.

Não sabe, eu lhe explico :

Existe um tal de micro,

Misto de TV com teclado,

Por onde se mandam recados.

Através da Internet,

Qualquer cara se mete,

A vender ou comprar,

Tem até jogo de azar.

Internet...como direi,

Se vai entender, não sei,

Telefone no computador,

Pra interligar as pessoas,

Profissional ou amador,

Comunicam-se numa boa.

As máquinas de retrato,

E as revelações demoradas,

Já estão ultrapassadas,

Hoje se vêem no ato,

As fotos que são tiradas.

Nossa língua tá lascada,

Tudo agora é em inglês,

Não entendo quase nada,

Devo estudar outra vez.

Não vai dar para mostrar,

A quantidade é imensa,

Todos usam no falar,

E através da imprensa.

Restaurante, meu paizão,

Chama-se Self -service,

Já não tem quase garçons,

Foi isso mesmo que eu disse.

Cachorro quente é Hot - Dog,

Site, endereço no computador,

Ainda tem um tal de I -pod,

Tudo em inglês, um horror !

O senhor acha que pode ?

Façam-me um favor !

Shopping Center, imagine,

Uma monte de lojas agrupadas,

Tem lanchonetes e até cine,

Produtos de marcas afamadas.

Modem, Speed, Youtube,

Veja pai, cada Nome !

Lan house, pra juventude,

Os jovens nem lembram da fome.

Passam o dia nesta Casa,

Que aluga computador,

Esquecem de suas casas,

Gastam grande valor.

O cheque vai pro bebeléu,

Cartão de crédito, o substituto,

Ninguém quer mais papel

E os mais velhos ficam putos.

A vida é uma correria,

Com pouca tranqüilidade,

Violência e rebeldia

Há em qualquer cidade.

Tudo com cadeado,

Temos que ter muita sorte,

Viver com o maior cuidado,

Sempre temendo a morte.

Sei que a coisa tá fogo,

Cá embaixo tá de amargar,

Só malandragem, engodo,

Tá duro de se aturar.

Oh...meu velho querido,

Nossa música foi pro brejo,

Quem tem um pouco de ouvido,

Das atuais, sente tédio !

Que saudades do Ataulfo e Pixinguinha !

O som da música atual,

É pior que galos na rinha...

E não tem nada musical.

É um barulho tremendo,

Som em altos decibéis,

As letras, não entendo,

Não valem um " merréis ".

A moçada quase não come,

O trivial arroz-feijão,

E pensa que vai ficar homem,

Comendo hamburger com pão.

Tem um tal de Fast - Food,

É uma rápida comida,

Não contribui com a saúde,

Quase não enche a barriga.

Mas vamos levando, meu velho,

Com o jeitinho brasileiro,

Este mundo que era belo,

Tá mais sujo que galinheiro !

No mais, aguardando estou,

Desempenhando meu papel,

Fazendo o que me ensinou,

Pra ver se mereço o Céu.

Aí, eu tenho certeza,

A vida vai melhorar,

Sei que vai ser uma beleza,

Com o senhor encontrar !

Auro