QUANDO
-------Mensagem original-------
QUANDO...
Quando, amigo, que amargura!
Os pivôs na sua boca são fartura,
Já percebe a precisão da dentadura,
E, quando pensa em picadura...
É só de insetos, que loucura !
Recorda triste a ditadura,
( Que lembrança mais dura ! )
Quando o médico recomenda verduras,
Para substituir as gorduras
E você lembra da mocidade de aventuras,
Daqueles vinte anos... que ventura !
Quando os cabelos precisam de tintura,
Um dos Hobbys é a pintura,
O corpo inicia uma envergadura,
Necessita de óculos para leitura...
É quando lembra, nessas alturas :
Que se casava com moça pura
E você vivia sem " paúra ",
Ouvia pouco a sirene das viaturas,
Pretendia por toda a vida, sinecura,
Mas concluiu que a vida era dura...
De quando ouvia música / cultura,
Os jovens tinham outra postura,
O ensino, melhor estrutura
E os negócios com mais lisura.
De quando você tinha mais altura
E era muito mais fina a cintura,
O político, boa criatura,
E podia comprar, dizendo " pendura".
De fazer sexo sem compostura
E chamar a polícia de captura,
Tomar pileques com bebida pura,
Podendo comer rapadura,
Sem diabetes, mas com diabruras !
Do namoro com ternura,
Espiar mulheres pela fechadura,
Rir da vó que era pão-dura
E pornografia com censura.
De quando você escolhia boa leitura,
E ofertava flores com candura,
Erva não viciava, era cura,
Que havia nos gestos, brandura.
Quando suas pernas não tinham nervuras,
A barriga, uma tábua dura,
Que se comia com compostura,
E loira não era burra...
E hoje, meu irmão, sua figura,
Tem abalada a estrutura
E, dizendo a verdade pura,
Vá pensando na sepultura,
Apegue-se à ferradura,
Ou ao poder das alturas,
Pois a morte é menos futura
E mais presente, ó criatura!
Auro.
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