Tratado com a morte

Tratado com a morte

E eu ainda ouvia a marcha fúnebre tocar ao longe

Num tratado de Tordesilhas onde razões não existem

Duma falta de terra e de esperança

Sem razões eloqüentes para um porque de viver

Como um jab de direita em minh'alma

E em meu cansado corpo febril

Do qual maltratado fora durante quinze anos...

A fumaça vaporosa que sufoca minha mente

E de minhas pernas a ânsia de tremer

Deslizando embriagado às secas entre paredes

Ao ver na luz branca um chamado...

Um contrato vindo pela dama de ossos

Cavaleira das trevas, senhora do tempo...

A aliada de meus delírios,

Dos quais ansiei durante tantos anos,

Mas agora que eu os vejo, receio-me estalactada

Como uma estátua esquecida num castelo.

E num colar de caveiras...

Um colar que cheira a sangue

Das almas condenadas que de todo,

Perderam o siso, e não ouviram o aviso mortal

Uma advertência lúgubre e impactante

Como o projétil cuspido de uma Magnum

Que atravessa a surrada e imunda fibra

Num alerta sem intermediários...

Uma segunda chance manchada a preto

A cor que o medo se faz mancha

Definhando o espírito aos poucos,

Num pospor assinado em tratado com a morte.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 08/02/2008
Reeditado em 08/02/2008
Código do texto: T851296
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