SE EU MORRER AMANHÃ...
Se eu morrer amanhã...
Ciducha
Se eu morrer amanhã...
toma por normal
essa pressa de fartar-se,
com que se aliena
no contexto da existência,
ao morrer.
Tempo, velho insano!
Toma por normal o vício esquerdo
de contar a vida e a morte,
hora a hora.
Tempo... retoma o carretel
com que seguras, sexagenário,
a pipa dos meus sonhos
enfeitada de auroras,
içada por colorida rabiola.
Se eu morrer amanhã...
refaz-se o caminho, torna-se mais ameno
já que o peso das minhas andanças,
estacará, cansado de existir.
Trará também, no semblante
o gosto do amor, que quem sabe sente.
E a neve inevitável...
mas não esqueça o verão,
porque o inverno, estação dorida,
é coisa intolerável!
São Paulo, 14/09/2006