A OUTRA
Teus olhos que choram cada despedida
Teus braços que lembram dos abraços que não ficam
Tua cama que registra meus atos, após a minha saída
Tuas mãos que me pedem pra ficar, quando pra mim se esticam!
Teu corpo que não consegue se livrar do meu prazer
Teu amor próprio que assiste de longe o teu caminhar
Tua liberdade que corre para as grades quando me vê
Tua dignidade que se acha indigna, de não me amar!
Tua justiça, que não se importa de dar mais do que recebe
Teus feriados que só me têm nas tuas vontades
Tua consciência, que só transgredindo se sente leve
Tuas madrugadas, que só dormem comigo através das saudades!
Tua moral, que é notícia na boca de tantos
Tua certeza de que o destino incerto prefere
Tua alegria, que só disfarça teus íntimos prantos
Tua oração de que a vida incompleta um dia se altere!
Teu coração, que sempre ordena o silêncio da razão
Tua coragem de pelejar uma guerra vencida
Tua vitória é poder lutar contra o medo da solidão
Tua vantagem é ser amada até mais que a preferida!