SILÊNCIO
Tem horas em que eu preciso me calar
É o único modo de ouvir o vácuo que intercala minhas vozes
É o sublime momento em que amordaço até o meu pensar
E me permito refletir positivamente até nos episódios atrozes!
É nessa hora que dou sossego ao meu espírito
Que pouco importa o fogo cruzado em que me acho
Onde posso ver por alguns instantes o meu íntimo despido
E nos vícios e virtudes, sentencio onde me encaixo!
É nesse momento que eu posso chorar livre de meus machismos
Em que eu posso confessar o que me obriguei a esquecer
Onde eu sou iluminado e descubro como vencer meus egoísmos
Onde após o martírio de minhas inflexões, consigo me reerguer!
O mundo pode acabar lá fora, mas o meu nessa hora renasce
Ali decreto a paz de minhas guerras e meus fantasmas posso expulsar;
Ali é improvável que eu me engane, é impossível algum disfarce
Ali eu não fujo mais de mim e meu desprezado "eu" pode me achar!
Que nunca me falte essa hora em que preciso me calar
Quero respirar ares redimidos, como aromático incenso
Quero esquecer ilusões e desamores, pra começar a me amar
Quero gritar ao meu próprio ouvir, mas pra isso eu preciso de silêncio!