SILÊNCIO

Tem horas em que eu preciso me calar

É o único modo de ouvir o vácuo que intercala minhas vozes

É o sublime momento em que amordaço até o meu pensar

E me permito refletir positivamente até nos episódios atrozes!

É nessa hora que dou sossego ao meu espírito

Que pouco importa o fogo cruzado em que me acho

Onde posso ver por alguns instantes o meu íntimo despido

E nos vícios e virtudes, sentencio onde me encaixo!

É nesse momento que eu posso chorar livre de meus machismos

Em que eu posso confessar o que me obriguei a esquecer

Onde eu sou iluminado e descubro como vencer meus egoísmos

Onde após o martírio de minhas inflexões, consigo me reerguer!

O mundo pode acabar lá fora, mas o meu nessa hora renasce

Ali decreto a paz de minhas guerras e meus fantasmas posso expulsar;

Ali é improvável que eu me engane, é impossível algum disfarce

Ali eu não fujo mais de mim e meu desprezado "eu" pode me achar!

Que nunca me falte essa hora em que preciso me calar

Quero respirar ares redimidos, como aromático incenso

Quero esquecer ilusões e desamores, pra começar a me amar

Quero gritar ao meu próprio ouvir, mas pra isso eu preciso de silêncio!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/02/2008
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T849728
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