AS QUEIMADAS

AS QUEIMADAS .

[5 Vendo DEUS que era grande a malícia do

homem sobre a terra , e que todos os pensamentos do

seu coração estavam continuamente aplicados para o mal ;

6 arrependeu-se de haver criado o homem sobre a terra .

E tocado de intima dor no coração ,

7 disse :exterminarei da face da terra o homem que criei .

gênesis : 6 , 5-7

Oh que crime cruel comete o homem ,

Ao tesouro vital que lhe foi dado ,

Fonte de vida , que bem conservado

Livra–lo-ia dos males que o consomem ,

São florestas inteiras que se somem ,

A moto serras e fogo consumido ,

Cinzas provindas de milhões de vidas ,

Cruelmente da terra erradicadas .

Ao olharmos a terra devastada ,

Que tamanha explosão ali houvera ???

Que mesmo sem deixar qualquer cratera ,

Só deixara de resto a fumarada ???

Que dor ver a floresta assim tombada ,

Para onde irão os seres que a habitam ?

Como serão pessoas que só fitam ,

Lucro material , sem ver mais nada ?....

Não podem ser a feras comparadas ,

Estas não por prazer destroem a vida ,

Mas somente na luta por comida ,

Em parâmetros da LEI por DEUS criada .

O homem, no entanto não vê nada ,

Quando por ímpia ambição movido ,

Não vê que detendo a ação terá detido

O baraço , á prole condenada .

E na floresta já desvirginada,

A moto serras com avidez movida,

Fazem por léguas, assim serem ouvidas,

Como hinos da morte decretada

A mata, que espera ali calada,

Suas vozes que zumbem, roncam, guincham,

Penetrando nos caules, que destrinçam,

E transformando tanta vida em nada.

As árvores que ali são derrubadas,

Provocam sons tão tétricos e medonhos,

Que nem talvez, no mais terrível sonho,

Pudessem ser tais vozes escutadas.

Contrastam com as outras tão caladas,

Que acostumadas ao ciciar do vento

Escutam agora o último lamento,

Das irmãs que vão sendo executadas.

Calam se as aves, já mais nada brada,

Os pássaros já nas copas não voejam,

E nesta vasta área não adejam,

Os ali faziam sua morada.

O som da morte paira, e ali mais nada,

Além da própria morte já habita,

E o homem que executa esta desdita

Tripudia da vida derrotada.

Já após ser a área devastada,

Deixam-na crestar ao sol que ali parece

Raios de puro fogo e desverdece

Por três meses a mata ali prostrada.

Ansiando o fim da empreitada,

Finalmente após fazer aceiro,

Vem o homem cruel, “o açougueiro”,

Chega um fósforo à macega, e o fogo brada.

Do corpo da macega ele se espalha,

Penetrando na mata ali caída,

Por três meses de sol tão ressequidos,

Que terrível se alastra como em palha

Transforma-se em labaredas e amortalha

Todo animal que para ali volvera,

E com o tremendo caos os envolvera

Transformando-os em cinzas de fornalha.

Os troncos a queimar, zunem, assobiam,

Como o desesperado grito de uma prece,

Como se a seiva que em si houvesse,

Fosse resto de vida que teriam

E que o som que então, ali enviam,

Fossem alerta aos homens que perpetram

Crime hediondo, e que assim encetam,

Viagem ao próprio fim que enunciam.

Sobem as labaredas, e ao céu clareiam,

Num imenso rubor que ao longe ver-se,

Como se o próprio céu fosse acender-se

Na maldade dos homens que as ateiam,

E a oblação na pira que incendeiam

Fosse por DEUS ali indeferida,

Pagando os homens com a própria vida,

O preço vil do mal que ali semeiam.

Estalam os galhos secos, e as folhagens,

Tostadas pelo sol são consumidas

Com rapidez de pólvora, e reduzidas.

A fino pó levado nas aragens.

Nos aceiros da roça, ali na margem,

A aba da floresta é atingida

E árvores gigantescas, ainda em vida,

São pelo fogo, em pé, ali crestadas.

As labaredas rodopiam aos ventos

Por centenas de metros assim subindo,

E velozes, avançando, vão-se indo.

A cobrir toda área em momentos;

Conseguem-se imaginar todos tormentos,

Que o escrito mais maniqueísta

E Dantesco que haja, não registra,

E ouvir-se toda classe de lamentos.

Choram ali os vergéis que se consomem,

Chora o vento que ao fogo ativa e alastra,

Chora o clarão da chama que alabrastra,

E a noite; e a escuridão que ante ele somem,

Choram as chamas que aos troncos lambem e comem,

De desespero o próprio fogo chora,

Na tremenda aflição daquela hora,

Lá todos choram, só não chora o homem.

Ah; que torpeza, quanta ignorância,

De este ser racional que se intitula

O mais sábio dos seres, e se rotula.

De ser superior; quanta arrogância.

Talvez até que na primeira infância,

Assim o fosse, mais ali deixara,

Toda bondade que de DEUS ganhara

Agindo agora em pura discrepância.

OS HOMENS seres maus e abjetos,

Que só poluem, corrompem e desvirtuam,

E em toda área da terra onde atuam

Sacrificam a paisagem aos seus projetos,

E embora existam ainda uns poucos retos,

Poluem os rios, os mares e o próprio espaço,

E a terra que os abriga em seu regaço

Um dia OS AFOGARÁ em seus DEJETOS.

Mestre Egídio
Enviado por Mestre Egídio em 07/02/2008
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