A outra alma

Há um silêncio agonizando em mim

E enquanto eu provo de uma rotina sem fim

O gosto do fruto proibido ainda me persegue

Sinto as mãos do destino a me acariciar

Neste sonho que aos poucos está a me consumir

Emoções frívolas que me afagam sem cessar

Mas minha alma inerte teima em me destruir

Por que meu corpo me é tão estranho?

Por que minha mente quer sempre mais?

Minha cobiça rejeita tudo que eu ganho

Não sou eu refletida neste espelho tão fulgás

Livre-me desta tênue hipocrisia

Decifre a charada sob a face da inocência

Não há pureza onde prevalesce a agonia

Não haverá liberdade

Enquanto meus desejos sentirem esta abstinência

Meus pulmões já não produzem a mesma respiração

Uma fria malícia me mostra outra direção

Eu corro, mas tudo o que acho é meu próprio medo

Sinto as mãos do destino a me sufocar

Nesta promessa de uma vida superficial

Quem sou eu, onde posso me encontrar?

Meu espírito não está salvo neste temporal...