Alzheimer
Gastei meio século para conseguir a alforria
e o Cartaz ja me ameaça com o Hospital-Dia.
No telefone há uma Medéia possessa,
um cobrador que me processa
e a saudade de quem desligou depressa.
Só me lembro de outrora.
Não do cobrador e do custo da mora.
Nem sei aonde deixei o cigarro e a Hora.
Escrevi versos mancos,
só aprendi aos trancos,
mas ainda sonho com virgens quadros brancos.
O alemão me rotula:
é o consciente que capitula.
Escreverão: aqui jaz o Homem que tudo viveu;
e que de tudo esqueceu . . .