E Deus vai me contando poesia...
Euna Britto de Oliveira
Para Núria Figueiredo - Ledalge
Sinceros agradecimentos e meu "Benza Deus!..."
E Deus vai me contando poesia...
Gotas de sua essência, como se fosse colírio,
Ele pinga em meus olhos de incerta sabedoria...
Nos meus ouvidos interiores, palavras – que escolho entre escrever
Ou deixar que se percam para sempre...
No carnaval,
Longe da folia,
Brincam em mim alas de letras nacionais.
As estrangeiras, indigitáveis,
Assistem ao samba de suas rivais,
Sentadas nas arquibancadas da avenida...
São pequenas as folhas do pé de arruda,
Mas ajudam na reza da benzedeira:
“Com dois te puseram,
Com três, eu te tiro...”
A reza é comprida e as benzedeiras não ensinam,
“Pra não quebrar a força da oração” – Justificam-se.
Ainda que não haja ninguém com 200 anos,
Ainda que a idade de futura anciã seja temerária,
A longevidade chegará um dia, para algumas mulheres,
Se o DNA cooperar,
Se os radicais livres deixarem,
Se as proteções funcionarem...
E se a mulher desejar:
— "Quero morrer bem velhinha, com cabelos de algodão, mãos trêmulas e poesia nos olhos." diz Núria Figueiredo,
A poeta de Paranaguá, no Paraná,
Que ficou noiva do soneto, com o pseudônimo de Ledalge...
Moro no silêncio do momento.
Escrevo, não tanto porque gosto,
Escrevo porque preciso.
E criei facilidade...