METAMORFOSE E RETORNO AO NADA...

Era uma estranha lagarta,

Andava pelo chão e rastejava.

Às vezes subia em algum galho

E comia das folhas um pedaço...

As crianças quando a viam a espantavam.

Ela tinha medo dos que por si passavam

Vivia triste na sua feia condição

De morta-viva... Abjeta escravidão!

Um dia encolheu-se muito quieta

Decidida a morrer: que situação!

Era mágoa sobre mágoa... enfim

Não havia ali outra solução.

Será que ninguém nela percebia

Que havia um sofrido coração?!...

Enrolou-se num galho muito feio

E chorou lágrimas sujas e viscosas

E foi-se encobrindo toda, inteira.

Até que adormeceu: tumba horrorosa!...

Passa-se o tempo, um dia ela acorda,

E se sente muito leve, muito inquieta.

Tem vontade de sair daquele escuro

Que, misteriosamente... a deixa irrequieta!

Em sua inquietação rompe o casulo

E emerge dele linda borboleta

Asas azuis, ainda úmidas, molhadas,

Ela percebe que há algo que a completa

Na leveza que sente, e, ao seu redor,

O mundo estava todo diferente,

Colorido, tão belo e, sem sentir,

Batendo as asas ainda úmidas do escuro,

Beija-a o sol: começa a trajetória. Voa!!

Voa!! Olha-se no lago: como é linda!

E a vida como é maravilhosa!...

Encanta, e todos dizem: “Como é bela!”

E ela feliz, sente-se ditosa.....

É livre enfim e é bela e a admiram!

Sente-se capaz de amar e ser amada.

Olhos a buscam, sua beleza miram

Com amor puro! Será sempre cantada...

Um dia, um menino, muito louro,

Chega até ela e diz-lhe: – “Tu és minha!”

“Quero-te muito, és o meu tesouro!

És mais bela que a mais bela andorinha!”

E assim os dias se passavam

Naquela tranqüila confiança,

Ela sentia que eles dois se amavam

E sua presença a enchia de esperança!

Então um dia... para surpresa sua,

O menino lindo que vinha e a admirava

Tranca-a em fria armadilha!

Leva-a consigo! Ela a adora tanto!

E pensa que o menino vai amá-la

E adormecê-la ao som de um Acalanto!...

Mas, para tristeza de nossa borboleta,

Chegando em casa o menino a coloca

Sobre um copo de vidro emborcado.

Estava presa novamente em um casulo!

Mas ele a amava! Não iria machucá-la!

Quando, de repente, uma dor sente

Em sua alma e coração! Em vão debate:

Não tem mais vida!... Que coisa incongruente!...

E então, sem vida, agora ela faz parte

De um quadro, com centenas de outras dela,

Para enfeitar a coleção do seu menino!

Ia ser mais uma, entre outras tantas belas!...

Não adiantou esperar por “este tempo”!...

Confiou, tão pura... e seu coração amou...

E foi traída pelo amor que confiava:

Pois... ele a matou!...

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05 fev 2008

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 05/02/2008
Código do texto: T847300
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