EU

A escrita em linhas retas, de uma mão confusa

A luz que brilha com fulgor e timidez, na despercebida sombra

De suas próprias pretensões, uma ronda obtusa

Moeda de modesto valor, um lado que deslumbra, outro que assombra!

Imensidade imaginativa, residente em ignoto gênio

Razão imaterial dos tantos e imarcescíveis sonhares

Edifício de muitos andares, sob constantes incêndios

Visão minúscula de si mesmo, ante a mira de seus próprios olhares!

Niilismo incontrolável, acerca de seus próprios superlativismos

Podadeira que arranca todos os dias as raízes do narcisismo

Voluntária bandeira de todos os seus tantos idealismos

Sentenças verdadeiras que se travestem de cinismo!

Águas mornas para o frio feminino, sempre ausente ao controle de seu dique

Pássaro que perece e se recusa a comer, quando preso à gaiola

Páginas em branco para o ódio, ainda que nela algo se risque

Barco que naufraga em mar de lágrimas, quando o leme se descontrola!

Incerta feição que grita infantilmente para os surdos ouvirem

Alma que ama intensamente, perdão talhado em taças de cristal

A inquietação sem final, pássaros que dentro de si sobrevivem

Águia na esperança, gavião na paixão, no amor um pardal!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 03/02/2008
Reeditado em 21/01/2012
Código do texto: T844929
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