LÁGRIMAS

Às vezes ocorre de eu chorar pelos dedos,

Antes das nuvens se formarem,

Antes de uma alegria esperada, que se demora,

E tua chegada adia a formação do tempo.

Choro pelos olhos, um raro momento,

Mais pelo peito, profunda reserva de nós,

Pela garganta amarrada e de impossível

Veio, por onde verte a irrigação dos poros.

Choro chegando, choro saindo,

Choro chorando, choro sorrindo.

Ai dor.

Ás vezes choro pela minha testa,

Quando se atesta um tempo de chorar,

E me enrubesce a face, como ao céu,

As nuvens quaram seus vestígios enxugados.

Chovo que cantam os sapos,

Derramo-me que reclamam as ruas,

E nunca seca. Para a água fica a vontade,

Cessa o desejo, cai um temporal.

E o que dizer se já foi assim,

Desde que mirei os teus olhos cetim

Quando beijei tua boca carmim,

Porque é que fostes de ausentar de mim

Naeno
Enviado por Naeno em 02/02/2008
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