LÁGRIMAS
Às vezes ocorre de eu chorar pelos dedos,
Antes das nuvens se formarem,
Antes de uma alegria esperada, que se demora,
E tua chegada adia a formação do tempo.
Choro pelos olhos, um raro momento,
Mais pelo peito, profunda reserva de nós,
Pela garganta amarrada e de impossível
Veio, por onde verte a irrigação dos poros.
Choro chegando, choro saindo,
Choro chorando, choro sorrindo.
Ai dor.
Ás vezes choro pela minha testa,
Quando se atesta um tempo de chorar,
E me enrubesce a face, como ao céu,
As nuvens quaram seus vestígios enxugados.
Chovo que cantam os sapos,
Derramo-me que reclamam as ruas,
E nunca seca. Para a água fica a vontade,
Cessa o desejo, cai um temporal.
E o que dizer se já foi assim,
Desde que mirei os teus olhos cetim
Quando beijei tua boca carmim,
Porque é que fostes de ausentar de mim