TARDANDO
Ergue-se das pedras do chão.
Levanta-se com as brumas,
ao dissiparem-se pela manhã,
e estende-se. Espraia-se
num insustentável fascínio
de mistérios vários,
que alonga as horas
e faz do tempo um cúmplice,
mais do que um aliado,
ou parceiro nas batalhas
doces do amor.
Nasce das fontes primárias
desse sangue espesso
que me corre nas veias,
em convulsões antigas,
de desejo forte.
Surge em atos de vontade,
nos embates do querer
contra a barreira amorfa
dos outros.
Progride em detalhes
feitos de consentimento,
e nos pequenos nadas
das texturas suculentas
com os sabores sutis
de quase todas as coisas...
Descubro-lhe os detalhes
em pequenos passos
que já foram mais inseguros,
como se raízes mais grossas
cravadas no tempo
escorassem melhor
o velho tronco
em cuja casca rugosa
as historias se acumulam
e enrijecem ...
Todos os dias,
o meu dia
tarda a apresentar-se
como é...
Fev° 2008