O amor é credor implacável
Quando eu estava amando, entre lindos braços,
Tinha a sensação de voar para os altos e livres espaços
Do céu todo azulzinho do meu mundo.
Puro engano: não era céu, era chão,
E, na verdade, eu estava caindo no meu profundo
E insensato abismo de ilusão!
Na cobrança do meu amor por elas, as cotas
Eram exorbitantes. E cada uma, voraz agiota,
Com o egoísmo as nossas contas controlava.
E ficaram tão contas de não-pagar
Que quanto mais eu as amava
Mais ficava faltando amar.
Como disse Drummond, “Amor com amor
Não se paga.” O amor é um extorsivo credor?
Talvez! Contudo, em vendo teu lindo rosto,
Me dá vontade de ser teu eterno devedor.
E mais te pagando amor, não me será nenhum desgosto
Saber que sempre te deverei mais amor!