O amor é credor implacável

Quando eu estava amando, entre lindos braços,

Tinha a sensação de voar para os altos e livres espaços

Do céu todo azulzinho do meu mundo.

Puro engano: não era céu, era chão,

E, na verdade, eu estava caindo no meu profundo

E insensato abismo de ilusão!

Na cobrança do meu amor por elas, as cotas

Eram exorbitantes. E cada uma, voraz agiota,

Com o egoísmo as nossas contas controlava.

E ficaram tão contas de não-pagar

Que quanto mais eu as amava

Mais ficava faltando amar.

Como disse Drummond, “Amor com amor

Não se paga.” O amor é um extorsivo credor?

Talvez! Contudo, em vendo teu lindo rosto,

Me dá vontade de ser teu eterno devedor.

E mais te pagando amor, não me será nenhum desgosto

Saber que sempre te deverei mais amor!

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 31/01/2008
Reeditado em 13/09/2008
Código do texto: T841201
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