LINHAS TORTAS

Se estas linhas tortas fossem

Talvez nelas certo eu escrevesse

Todavia... Sobre o quê eu falaria?

Das arras, amarras, vestígios

Dos amigos gastos em suicídios

Em meus andaimes por entre o presente

De meu tempo, vasto tempo inconseqüente

Ignorei as vezes que me desviei incrédulo

Horas que cervejeei do lúcido ao intrépido

Rotulando as vigas de meu telhado

Tão forte, fraco e seco de enfado

(Esperei tanto o nascer da luz em agonia

Pra que eu pudesse ver: era já outro dia )

Outra teia austera e cosmopolita

A encruzilhar o enredar-se de quem se reedifica

Todos ministrados no léu desta ciência

Manifestejando o apoteótico curso da existência

Em curso indefesamente, defesa está a mente...

Dos obscuros deste mundo... Cheio de gente

Que escreve deus com inicial maiúscula

Venerando o detentor das tais linhas tortas...

Kadja Ravena
Enviado por Kadja Ravena em 31/01/2008
Reeditado em 26/02/2008
Código do texto: T840931