Efêmero
A rua, caminho largo por onde passamos, segue.
A sentinela da vida persegue os raios mornos da lua
E percebe: haverá muito ainda por esperar.
A chuva cai, tamborilam canções nos telhados úmidos
E nossa hora é mais tranqüila, mais amena, mais aconchegante.
Nesse instante, somos sonhos de outrora, veludo que cobre e aquece.
A nossa, a minha, a sua, essência inefável que mora nessa caixinha de pandora, nosso peito,
Caminha nua pelos vales perfeitos e esvoaça a face ao vento.
Vivem os cânticos tribais que batucam, tum, tum, tum.
Hosana! Hosana!
A saudação tilinta com o efêmero e fértil existir.
Cabe aqui, na palma da minha mão, o labirinto por onde hei de passar.
Caberá em cada mão a chance de tentar sair...
O ponteiro de relógio nos lembra
De coisas que ainda estão por vir
E submete-nos a loucuras irreais.
Mas, onde fica o barco e nosso cais?
Lembremos que, por mais que fugimos, nossa sombra nos segue.
Saboreemos então, o néctar e brindemos à seiva
Deitados na relva, olhando a fronde das árvores:
Lá mora o sabor que brisa causa ao descansarmos.