Ora pro nobis!...
Euna Britto de Oliveira
A voz que clama no deserto também é a minha,
Que não encontra eco...
Letras cansadas, quais náufragos à vista de terra firme,
Nadam seu nado ofegante pela folha afora...
Nada tenho a dizer,
A não ser que todas as formas de fome do homem
São derivadas de uma fome mestra – a de Amor!
É o que mais falta no mundo.
Existe Amor, sim, mas não dá para todos
O tempo todo...
A não ser o amor de Deus,
Que abarca vales e abismos,
Planícies e montanhas,
Mares e oceanos,
E tudo que neles existe!...
Letras, letras, letras...
Sobre a folha branca.
Como sinais de quem ainda existe
E reluta em não ser triste.
Letras desenhadas com a desenvoltura de um escriba
Correm ligeiras sobre a superfície do papel, apesar de cansadas.
Desfalecer nem sempre é véspera de falecer.
Desfalecer é lenta agonia...
Como esmorecer, desanimar, escurecer...
Do alto do seu santuário,
Deus envia socorro
E fortalece os joelhos débeis.
A onda pesada passa...
Felizes os pés do que anuncia a vitória!
A vida é isto – Ora pra cima, ora pra baixo.
Apreendendo e aprendendo o mundo,
Eu me acho.
"Causa nostræ lætítiæ, ora pro nobis!"