VIA LÁCTEA PAULISTANA



Sigo de perto os rastros dessa Lua,
Meio minguante,
Fatia de ornamento em céu oriental,
Companheira das tintas de Magritte
Entre arranha-céus semi-apagados.


Meu olhar se deita em seu colo curvo
E se derrama longe
Por sobre a via láctea paulistana.


No céu de notas de blues
Há estrelas...
Brumosas,
Opacas,
Tímidas,
Pálidas,
Melindrosas,
Asmáticas,
Heroínas do século romântico...

Incertas como incertas são as vias da vida,
Raras como raras são certas mulheres,
Sonâmbulas como ilusões que nos interrompem o sono
E o embalam.


Visto uma camisola fina,
Esvoaçante como sonhos,
Aromática de sândalo,
Deixo uma fresta na janela
E pinço com os olhos um vão do firmamento
Onde amores estelares e lunares acontecem,
Onde a Loba-Lua uiva de paixão!


Aqui,
Num quarto desta São Paulo mágica,
Também há estrelas...
Purpurinas de leite neón
Talham-se sobre minha cama.





024.gifImagem: T. Cohen



 
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 29/01/2008
Reeditado em 30/08/2014
Código do texto: T838201
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.