ATÉ AS MALAS TÊM SINA (dedicado a MAYKE, colega de Escrivaninha)
até as malas têm sina
destino
sorte
na vitrine se oferecendo
alguém escolhe uma mala de mão
para ir para o Japão
chora a mala vermelha
sorri a cor de telha
querem ir para Marselha
ali, uma mala grande
onde cabe tudo e o canudo
as rodelas ligeirinhas
atravessam aeroportos
deslizam pelas calçadas das férreas estações
durante as viagens
as malas são largadas
preciosas empregadas
ali humilhadas
no trem
no navio
no avião
de coisa alguma participam
arrastadas
empurradas pelos halls e saguões
escondidas em galpões
malas de fantasia
abrigam roupas
misturadas com tristeza
e alegria
retornam puídas
para os cantos da casa
onde as aranhas tecem sonhos