A MORTE
A morte
Apesar de injusta e fria
E mais ainda
Apesar da eficiência e eficácia
Com que trata a todos igualmente
Deve estar morrendo de raiva de mim...
Pois que desdenho da dita cuja
Desde que me entendo por gente
E rio alto da sua fraqueza
Da sua incapacidade...
Mesmo diante de tantas chances
De tantas ferramentas e possibilidades
Que dedico a essa entidade abjeta e rastejante
Não pôde ela me apanhar antes da hora...
Vivo intensamente
Abraçado a foice brilhante
E lambo sua lâmina pusilânime
Sem derramar sangue...
Desafio-a
Satirizo-a
Ridicularizo-a
Caçôo dela vivendo sem temê-la
E faço dela meu merecido descanso
Minha humana dádiva
E meu eterno regozijo...