Ainda agora

Ela brincou de dor debaixo da chuva

alimentou-se das gotas dos temporais

olhou seu corpo e encontrava-se nua

vestida apenas com seus somados ais

Brincou de cabra cega com o passado

usou a venda nos olhos como amuleto

tateou e experimentou sabor amargo

saturou-se de brincar de ser brinquedo

Restos de lágrimas molhavam seu colo:

-É tarde,

mas ainda é agora!

E brincou de roubar coroa de reis

reaprendeu a ser nua com estranhos

recomeçou a brincar de era uma vez

ignorando teses do seu olhar castanho

Restos de sorrisos enfeitavam seu rosto:

-É tarde,

Mas ainda é agora!