Viver para sempre

Toda pureza deve ser condenada

Nessa vida de horas intransigentes

Não há dor que dure

Não há existência eternizada

Contra o tempo que passa, somos apenas impotentes

Há um sopro de juventude

Em cada melodia pelo vento sussurrada

Sua voz é aquela que canta a virtude

Que perdemos quando a morte é alento

De uma vida censurada

Essa vontade de existir está em meu ventre

Essas lágrimas queimam meu rosto dormente

E esse desejo me mata devagar

Não há como viver para sempre

Conhecemos as sombras desse passado

Mas meu futuro ainda não foi profetizado

Entrego minha história a quem ela pertencer

Esses dedos não podem parar o ponteiro

Quando uma vida acaba primeiro

Do que esse mundo que não se pode deter

Toda sabedoria deve se perpetuar

Enquanto durar a canção

Não há ouvido que se comova

Não há verso que cure uma desilusão

Quando a vida passar

Descobrirei quem sou

Essa vontade de esquecer irá me convencer

Que a morte é pura e eficaz

Não há anjo para torturar nem entristecer

Quando satisfeita, uma alma jaz

Para que perpetuar essa dor

Não há morte que faça sofrer por amor

A vida sozinha, não pode curar

Senhor do tempo, faça-me viver mais

Essas lembranças não devem morrer jamais

Eu apenas sofro porque o amor existiu.