Pedra gabriela!!!
Eis a **PARTE I: VERSÕES DO SUBSOLO** revisada, ampliada para 11 poemas e com ajustes de coerência geolítica. Formatação pronta para impressão em estilo "caderno de campo de um mineiro-poeta":
---
### **PARTE I: VERSÕES DO SUBSOLO**
*(11 poemas de escavação íntima)*
---
#### **1. TEU GESTO (VERSÃO EM ABISMO E LUZ LÍQUIDA)**
Teu gesto —
primeiro corte
no corpo da noite —
despeja
um rio vertical
entre meus ossos.
O céu, língua úmida,
lambe
minhas quedas.
E eu:
animal ferido
que aprendeu
a chamar
sangue
de
luz.
*(Fragmento sísmico)*
*Tua mão perfura / meu xisto emocional / — cada prensão / extrai gás metano / e um fóssil de promessa / nunca decomposta.*
---
#### **2. CAVOUCO (VERSÃO EM CARVÃO E TREMOR)**
**I. ABISMO**
O silêncio é uma mina abandonada.
As pedras — dentes do escuro —
murmurram em língua de galeria.
**V. COLAPSO**
A galeria 227
engole nosso nome.
Resta o tremor:
eco de um diamante
que nunca existiu.
*(Nota de rodapé geológica)*
*Cavouco (MG): termo regional para escavação manual. Sinônimo de busca e risco.*
---
#### **3. FERRAGENS (VERSÃO FORJADA EM FERRO E SOMBRA)**
Essa dor é minha —
ferradura cravada no peito,
caldeira onde fervem horas.
Não a polimento,
não a transformo em chave
para abrir teus portões.
*(Diagrama de forja)*
**Cadinho**: onde teu nome fermenta
**Escória**: restos do amor anterior
**Bigorna**: altar do possível
---
#### **4. SONDA (RELATÓRIO TÉCNICO Nº 328-AA)**
Profundidade: 328 metros.
Encontramos:
- Sedimentos de "te amo" em arenito.
- Veio aquoso (possível lágrima fossilizada).
- Zona de falha: seu silêncio datado de 13/09.
Recomendação: abandonar poço.
Risco de subsidência afetiva.
---
#### **5. VERSÃO-RAIZ (MAIS PROFUNDA)**
escuro
tem garras
nós as arrancamos
com a boca
até a terra
nos cuspir
nus
---
#### **6. GALERIA 227**
Aqui enterramos
o primeiro "sim"
— caixão de madeira
com ferrugem no caixão.
As paredes suam
nomes de ex-amantes:
são musgos
que devoram
nossas assinaturas.
---
#### **7. TÚNEL DE VENTILAÇÃO (POEMA EM RESPIRADOUROS)**
por aqui escapam:
- suspiros de metano
- pó de "talvez"
- o último alento
do nosso canário morto
*(Nota técnica)*
*Respirar aqui exige máscara / contra vazamentos de passado.*
---
#### **8. DESMONTE A FRIO (DIÁLOGO ENTRE DINAMITE E ROCHA)**
**Dinamite**:
"Por que resistes? / Sei que escondes / um fóssil de abraço."
**Rocha**:
"Porque mesmo destruída / serei estilhaço / e estilhaço / é verso."
---
#### **9. MAPA DA MINA Nº 4 (POEMA VISUAL)**
[Diagrama em forma de pulmão subterrâneo]
Legenda:
- **X**: local do primeiro beijo (jazida esgotada)
- **⚑**: depósito de lágrimas em quartzito
- Linhas vermelhas: rotas de fuga obstruídas
---
#### **10. TREMOR DE MINÉRIO**
O amor é um minério
que sussurra
antes de rachar:
*"cuidado,
há um abismo
vestido de veio
no seu peito."*
---
#### **11. CÓDIGO DE MINAS (ART. 33)**
**§1º**
Todo poço aberto
deverá ter
um amante
morto-vivo
de vigia.
**§3º**
É proibido
extrair promessas
sem licença
do corpo.
**§33º**
A profundidade máxima
será sempre
a distância
entre dois silêncios.
---
### **NOTAS PARA A EDIÇÃO:**
- **Fonte**: "Basalt" (traços irregulares imitando fissuras).
- **Paginção**: Coordenadas de profundidade (ex.: *-227m*) no lugar de números.
- **Cores**: Preto ferrugem, branco-giz e vermelho-carvão.
- **Papel**: Textura de lixa grossa para imitar parede de mina.
---
Pronto para avançar para a **PARTE II: MAPAS DE FERIDA** ou ajustar algo nesta escavação inicial? 🔨📜
Sem problemas! Vamos à **PARTE II: MAPAS DE FERIDA**, agora expandida para 11 poemas, com ajustes de coerência e aprofundamento das metáforas cartográficas e anatômicas. Formatação para impressão em estilo "atlas de cicatrizes":
---
### **PARTE II: MAPAS DE FERIDA**
*(11 poemas de cartografia íntima)*
---
#### **12. AMORES (VERSÃO EM CICATRIZES E TERREMOTOS)**
Seu nome — uma faca cravada no meu osso —
me faz gostar da queda.
Nas vísceras, descubro:
cascatas de dentes
um tremor que não finda
Teu rosto derruba muros
e eu, ladrão de abismos,
roubo teus pesadelos
para morrer tua morte
— só assim saberei
se o amor é uma ferida
ou o sal que a mantém aberta.
*(Fragmento inédito)*
*A cicatriz de Gabriela / é um meridiano / que traça rotas / para o epicentro / onde teu hálito / ainda é tremor.*
---
#### **13. CORTES ANATÔMICOS**
*(Diálogo de ossos sob a pele da página)*
**ESTERNO**
Abre suas costelas
como um livro de anatomias proibidas
— leio ali
o protocolo
do teu desamparo.
**FÍBULA**
Osso mentiroso:
prometeu suportar
o peso do teu nome
e rachou
no primeiro passo.
**CRÂNIO**
Abóbada vazia
onde ecoa
o grito de um rio
que secou
antes de chegar ao mar.
---
#### **14. FÊMUR**
*(Tratado íntimo entre parênteses de lava)*
Meu quadril esquerdo guarda
o terremoto de Gabriela:
dobradiça enferrujada
que range ao abrir
o armário dos mortos-vivos
Sua boca foi um ato falho
do vulcão primordial
e eu — ingênuo —
chamei de amor
o lapso entre duas erupções
*(Glossário marginal)*
**Lapso**:
1. Intervalo entre dois desastres.
2. O nome que dei ao teu gemido.
---
#### **15. LEGENDA (POEMA CARTOGRÁFICO)**
Linhas azuis:
veias onde naveguei
teus "não" como barcos piratas
Curvas de nível:
altura do teu riso
antes da avalanche
Símbolos:
⚑ (tesouro): tua nuca
☠ (perigo): tua ausência
Escala:
1cm = 10 anos
de erosão
---
#### **16. PRONTUÁRIO Nº 227**
*(Laudo médico-poético)*
**Paciente**: Eu-lírico
**Diagnóstico**: Fratura exposta na alma (tipo Gabriela)
**Sintomas**:
- Hemorragia de silêncios
- Febre de 40 versos
- Arritmia telúrica
**Tratamento**:
1. Compressas de carvão nas memórias
2. Injeção intramuscular de vulcão
3. Sutura com fio de obsidiana
**Prognóstico**:
Incurável, mas radiante.
---
#### **17. ESCARIFICAÇÃO**
*(A arte de alongar feridas)*
Cada corte
— linha de carvão —
desenha
rotas de fuga
na epiderme.
Aprendi:
a melhor cicatriz
é aquela
que sangra
**versos**.
---
#### **18. CARTOGRAFIA DO CÁRCERE**
*(Mapa de uma cela no osso)*
Coordenadas:
- Latitude: 22°S (solidão)
- Longitude: 43°W (desejo)
Pontos de interesse:
- Torre de vigia: cicatriz umbilical
- Trincheira: sulco deixado por Gabriela
- Muralha: costela fraturada
Legenda:
*"Aqui jaz o amor / em estado de silêncio / — minério não extraído."*
---
#### **19. SUTURA**
*(Poema-agulha)*
Ponto simples:
um verso
para fechar
o rasgo
onde teu nome
vazou.
Ponto cirúrgico:
dois hemistíquios
costurando
o músculo
do adeus.
*(Nota técnica)*
*Cuidado: linha poética / pode arrebentar / sob pressão do passado.*
---
#### **20. MERIDIANO DO SANGUE**
*(Novo poema)*
Traço uma linha
do pulso ao cotovelo
— eis o caminho
que teu amor percorreu
antes de coagular
Aqui, cada veia
é um rio cartografado
em atlas de hematomas
e cada batida
é um compasso
medindo
a latitude
do desespero.
---
#### **21. FRATURA EXPOSTA**
*(Diálogo entre osso e ferrugem)*
**Osso**:
"Por que me corróis? / Já não bastam as fraturas?"
**Ferrugem**:
"Porque até na ruína / há beleza: / veja como brilham / meus cristais de abandono."
---
#### **22. NOMENCLATURA DAS CICATRIZES**
*(Catálogo lírico)*
- **Tipo 1 (Linear)**: "Ana" escrita a faca no fêmur
- **Tipo 2 (Hipertrófica)**: "Gabriela" em relevo de lava
- **Tipo 3 (Quelóide)**: "Cláudia" como tumor de granito
*(Nota final)*
*Todas as cicatrizes / são cidades fantasmas / em meu corpo-território.*
---
### **NOTAS PARA A EDIÇÃO:**
- **Papel**: Texturizado (semelhante a pergaminho envelhecido).
- **Ilustrações**: Mapas do século XVI com órgãos no lugar de cidades.
- **Interatividade**: QR code levando a um **mapa-sonoro** (sons de batimentos cardíacos + placas tectônicas em atrito).
---
Pronto para seguir para a **PARTE III: LITURGIAS DO FOGO** ou ajustar algo nesta cartografia do corpo? 🗺️🔪
**PARTE III: LITURGIAS DO FOGO** *(11 poemas de combustão íntima)*
---
### **23. NOITE INVAGINADA (VERSÃO ÉTNICA E TELÚRICA)**
A noite devora o dia —
**rito de passagem do fogo** —
e em seu útero de breu,
meus dedos
são raízes de enxofre
que desatam
o cinto orogênico
dos teus gemidos.
*(Canto ritual)*
*Ô lava mãe, derrama
teu manto de basalto
sobre o altar
dos meus ossos pagãos:
que eu seja cinza
e ainda assim
**incêndio**.
---
### **24. ELA (UM INCÊNDIO EM FORMA DE MULHER)**
O sol se curva ante seu quadril —
eis a única liturgia que reconheço.
Sua sombra não é ausência,
é **outro tipo de luz**,
mais densa,
que me ensinou a ver no escuro.
*(Fragmento inédito)*
À meia-noite,
quando seu corpo
é um vulcão em repouso,
eu rezo:
coloco a mão
na boca da cratera
e deixo
que o futuro
me queime
**até o osso**.
---
### **25. COMÚNIO (POEMA EM LAVA E ESPERMA)**
Tua boca —
fenda eruptiva
onde deposito
minhas cinzas —
Tua língua
escava
o depósito aluvial
do meu gozo
e no leito
do rio primordial
encontramos
o fóssil
de um deus
**que ainda sangra**.
*(Nota litúrgica)*
*Sacramento do Fogo:
1. Consagração pelo suor.
2. Elevação das cinzas.
3. Comunhão das chamas.*
---
### **26. HINO ÀS CINZAS**
Queimamos
até não restar
senão
o esqueleto
do verbo **amar** —
uma costela
torta
duas mãos
em brasa
e a mandíbula
que mastigou
o nome
**Gabriela**
— eis
a relíquia
que carregaremos
no pescoço
quando o mundo
virar
**pó de obsidiana**.
---
### **27. VERSÃO-CARVÃO (PARA QUEIMAR NA LÂMPADA)**
escuro
tem dentes
nós os arrancamos
um a um
até sangrarmos
luz
*(Post-scriptum pirográfico)*
*Nota: Este poema deve ser lido
à luz de uma vaga-lume presa
num frasco de âmbar.*
---
### **28. ARDE**
*(Combustão espontânea do verbo amar)*
Não foi fogo,
foi atrito:
dois corpos
roçando
verdades secas
até que o ar
virasse
**grito gasoso**.
---
### **29. PIROGRAFIA**
*(Poema queimado na página)*
[Texto gravado a fogo em papel negro]
*"Aqui jaz / o que não pôde ser dito / — cinza / de / palavra."*
---
### **30. CREMATÓRIO DE PROMESSAS**
*(Novo poema)*
Na fornalha
onde queimamos
jurassol,
as chamas
são testemunhas
de que:
todo "para sempre"
vira
**fumaça**.
*(Epígrafe em cinzas)*
*Promessa é carvão: / só brilha / quando se consome.*
---
### **31. CINZAS ILUMINADAS**
*(Poema em pó de diamante)*
Espalho
teu nome
no ar:
cada partícula
refrata
a luz
de um sol
morto.
Aprendi:
mesmo o que foi destruído
pode
**brilhar**.
---
### **32. LITURGIA DO SAL**
*(Missa negra na gruta)*
Aqui
o altar é um estalactite
o cálice
— concha de fêmur —
transborda
água salgada
de olhos
que não choram
há eras.
Comungamos
grãos de granito
e chamamos
isso de
**perdão**.
---
### **33. EPÍLOGO: JAZIDA**
Agora resta
o silêncio da mina exaurida
— e todo amor
não passa
do carvão que sobrou
para contar a história
do fogo.
*(Última anotação de campo)*
*Coord.: 22°S 43°W / Profundidade: ∞ / Estado: Putrefação Luminosa.*
---
**Notas para Edição:**
- **Papel**: Bordas queimadas artificialmente, textura de cinza.
- **Tipografia**: Letras em vermelho-cinza, como brasas apagadas.
- **Diagramação**: Glifos vulcânicos entre poemas, feitos com carvão.
- **Interatividade**: QR code para sons de erupção e batidas cardíacas.
---
**Conclusão:**
A Parte III encerra o ciclo transformando a violência telúrica em transcendência. Cada poema é um **ritual de passagem**, onde o amor se consome para renascer como mito. O epílogo, "Jazida", devolve o leitor ao subsolo, agora iluminado pela sabedoria das cinzas.
Pronto para ver o livro completo ou ajustar detalhes finais? 🌋📖