HISTÓRIA DO TRUCO
No princípio desta história,
Dez peões abriam na mata,
Picadas buscando pedras,
Ouro bruto, até platina ou prata,
Aventura que trazia perigo;
E ficavam pelo caminho
Baixas no grupo de amigos,
Tanto que até o maior fato,
Três a vida levou,
(Coisas de nosso senhor...)
Mas num desses lances de sorte,
Encontram pedra de ouro bruto,
Que causou alegria e susto...
E fizerem a partilha entre os sete,
E brindaram o acontecido
Com garrafas de vinho vencido,
Bebendo-o em sete taças de copas,
Mas ninguém passou mal pelo vinho,
E até o sono chegar, ficaram a beber e cantar...
Cedo o grupo despertou,
Numa certa alegria dourada,
E logo se puseram a andar,
Para o rio atravessar.
E chegando perto da margem,
A natureza lhes fez sacanagem:
O riacho que se passava a vau,
Fez-se em grande caudal,
E viram que só tendo um barco,
Poderiam vencer rio tão farto.
Além de fazer remar
Todos que quisessem levar
Adiante sua jornada
E não bater em retirada.
E para ver diferente
O fato novo à frente,
Dá espetáculo o ás da espada,
Que modelava a madeira,
Prático, à sua maneira.
Munido da espada e só,
Fazia o trabalho parecer-se
Com serrote, plaina e enxó,
de forma que em quatro partes
Encaixadas firmemente,
Surge o barco medindo
Dez metros da popa à frente,
Com lugar para os sete marmanjos
Remarem com as mãos e os pés
Como se remava nas galés
Assim, posto na água,
Foram os peões se acertando,
E o chefe, como patrão
Do time remador,
Orientando a direção...
E com remos em prontidão,
Ao comando se inicia
Inesperada travessia.
Perto da metade do tempo,
Começa a soprar muito vento,
E a corcovear o barco,
Com as águas violentas,
Eis que o barco arrebenta
Nas quatro partes iniciais,
Correnteza e fundura
Estragaram a estrutura
E rodou pelo sumidouro
Que fez todos esquecerem o ouro...
E sob a voz do chefe,
Todo peso dever-se-ia largar,
Tralha de toda espécie,
Ouro de todos sete, e a espada do ás.
Faca e até canivete,
E parte das próprias vestes...
E quatro partes boiavam,
Sendo essa a salvação...
Cada pedaço grande,
dividia-se com dois peões,
E o menor pedaço daria
Para o chefe sem companhia.
Um que era um beberrão,
No meio de tanta aflição,
Disse “ - Pinga nunca mais,
Nem pura, nem com limão.”
E outro, o mais incrédulo,
Lembrou e orou em voz alta
O Credo que estava em falta.
Até que, entre tudo isso,
Sem deixar nenhum rastro,
Os sete, sem saber como,
Viram-se jogados à margem
Com uma reação de medo
Tremores e assombragem...
E ao se recuperarem,
Vendo-se ali todos os sete,
Todo dito se promete,
Toda promessa se cumpre.
E numa reflexão conjunta,
Disseram que a sorte foi muita,
E houve até quem dissesse
Que além do milagre, o truque,
Que valeu a força no muque.
E depois, ao redor do fogo,
Pensaram em criar um jogo
Que fizesse essa história imortal,
E que mostrasse o valor
Daquilo que a hora pede
Quando a garganta se entala,
Quando a palavra se cala.
E com o velho e sebento baralho,
Idéias foram surgindo,
E a lembrança dos mortos
Fez tirar dez, nove e oito,
E fez fazer a carta três, a maior,
Por honradez...
As idéias vão surgindo,
Transferindo ao baralho os fatos,
Que os sete ouros eram tão pouco,
A vida vale bem mais,
E a espada pesada, na hora não servia mais,
(No que foi concorde o rapaz,)
“-Joguei-a no fundo do rio,
“Quero ficar bem vivo,
vá a espada bem longe,
para a puta que pariu!”
E as roupas, cintos e botas, vão ficar,
Mas um dia a bota
Na ponta de um anzol ela volta...
E o resto das cartas,
com valores de mão e contra-mão,
Farão o jogo infinito,
Com grande valor do grito,
Da gesticulação,
E é bom lembrar que a seguir do sete,
Vem a dama, por cavalheirismo,
Que o valete fez questão.
E a maior de todas, o “zap”
É o quatro de paus, é claro,
Depois vem as sete taças, as copas,
Aí vem o Ás da espada,
E por fim, o ouro, que na hora,
Não valeu nada para a história;
Por aí se vê o grupo: mais forte que um homem só,
O jogo criado, o Truco,
Hoje bem conhecido e maluco,
Seja dois contra dois,
Até três contra três,
É jogo que faz a todos roucos,
Porque se grita de fato:
“ Truco! Ladrão! Seis!”
Esta é uma obra de ficção, não há fundamento histórico pesquisado, semelhanças serão coincidências..
De José Carlos De Gonzalez
No princípio desta história,
Dez peões abriam na mata,
Picadas buscando pedras,
Ouro bruto, até platina ou prata,
Aventura que trazia perigo;
E ficavam pelo caminho
Baixas no grupo de amigos,
Tanto que até o maior fato,
Três a vida levou,
(Coisas de nosso senhor...)
Mas num desses lances de sorte,
Encontram pedra de ouro bruto,
Que causou alegria e susto...
E fizerem a partilha entre os sete,
E brindaram o acontecido
Com garrafas de vinho vencido,
Bebendo-o em sete taças de copas,
Mas ninguém passou mal pelo vinho,
E até o sono chegar, ficaram a beber e cantar...
Cedo o grupo despertou,
Numa certa alegria dourada,
E logo se puseram a andar,
Para o rio atravessar.
E chegando perto da margem,
A natureza lhes fez sacanagem:
O riacho que se passava a vau,
Fez-se em grande caudal,
E viram que só tendo um barco,
Poderiam vencer rio tão farto.
Além de fazer remar
Todos que quisessem levar
Adiante sua jornada
E não bater em retirada.
E para ver diferente
O fato novo à frente,
Dá espetáculo o ás da espada,
Que modelava a madeira,
Prático, à sua maneira.
Munido da espada e só,
Fazia o trabalho parecer-se
Com serrote, plaina e enxó,
de forma que em quatro partes
Encaixadas firmemente,
Surge o barco medindo
Dez metros da popa à frente,
Com lugar para os sete marmanjos
Remarem com as mãos e os pés
Como se remava nas galés
Assim, posto na água,
Foram os peões se acertando,
E o chefe, como patrão
Do time remador,
Orientando a direção...
E com remos em prontidão,
Ao comando se inicia
Inesperada travessia.
Perto da metade do tempo,
Começa a soprar muito vento,
E a corcovear o barco,
Com as águas violentas,
Eis que o barco arrebenta
Nas quatro partes iniciais,
Correnteza e fundura
Estragaram a estrutura
E rodou pelo sumidouro
Que fez todos esquecerem o ouro...
E sob a voz do chefe,
Todo peso dever-se-ia largar,
Tralha de toda espécie,
Ouro de todos sete, e a espada do ás.
Faca e até canivete,
E parte das próprias vestes...
E quatro partes boiavam,
Sendo essa a salvação...
Cada pedaço grande,
dividia-se com dois peões,
E o menor pedaço daria
Para o chefe sem companhia.
Um que era um beberrão,
No meio de tanta aflição,
Disse “ - Pinga nunca mais,
Nem pura, nem com limão.”
E outro, o mais incrédulo,
Lembrou e orou em voz alta
O Credo que estava em falta.
Até que, entre tudo isso,
Sem deixar nenhum rastro,
Os sete, sem saber como,
Viram-se jogados à margem
Com uma reação de medo
Tremores e assombragem...
E ao se recuperarem,
Vendo-se ali todos os sete,
Todo dito se promete,
Toda promessa se cumpre.
E numa reflexão conjunta,
Disseram que a sorte foi muita,
E houve até quem dissesse
Que além do milagre, o truque,
Que valeu a força no muque.
E depois, ao redor do fogo,
Pensaram em criar um jogo
Que fizesse essa história imortal,
E que mostrasse o valor
Daquilo que a hora pede
Quando a garganta se entala,
Quando a palavra se cala.
E com o velho e sebento baralho,
Idéias foram surgindo,
E a lembrança dos mortos
Fez tirar dez, nove e oito,
E fez fazer a carta três, a maior,
Por honradez...
As idéias vão surgindo,
Transferindo ao baralho os fatos,
Que os sete ouros eram tão pouco,
A vida vale bem mais,
E a espada pesada, na hora não servia mais,
(No que foi concorde o rapaz,)
“-Joguei-a no fundo do rio,
“Quero ficar bem vivo,
vá a espada bem longe,
para a puta que pariu!”
E as roupas, cintos e botas, vão ficar,
Mas um dia a bota
Na ponta de um anzol ela volta...
E o resto das cartas,
com valores de mão e contra-mão,
Farão o jogo infinito,
Com grande valor do grito,
Da gesticulação,
E é bom lembrar que a seguir do sete,
Vem a dama, por cavalheirismo,
Que o valete fez questão.
E a maior de todas, o “zap”
É o quatro de paus, é claro,
Depois vem as sete taças, as copas,
Aí vem o Ás da espada,
E por fim, o ouro, que na hora,
Não valeu nada para a história;
Por aí se vê o grupo: mais forte que um homem só,
O jogo criado, o Truco,
Hoje bem conhecido e maluco,
Seja dois contra dois,
Até três contra três,
É jogo que faz a todos roucos,
Porque se grita de fato:
“ Truco! Ladrão! Seis!”
Esta é uma obra de ficção, não há fundamento histórico pesquisado, semelhanças serão coincidências..
De José Carlos De Gonzalez