Canto-guia

Da sacada da varanda é a hora dele

Sereno, pleno e a voz inebriosa

A paisagem pede ao vento para ver-lhe

E a rotina descansa sua prosa.

Ele, menino de gesto preciso

escolhido ao balanço do vento

Canta ao mundo em destino bonito

O Encanto de parar o Tempo

E a emoção é tanta

Mas leve como a brisa que escuta

O mar adiante se adianta

A folha, como se rendesse, curva.

Mesmo o pássaro assobia

A flor, de um instante, se envaidece

O som daquela bela melodia

Canta o amor que o mundo inteiro parece

De triste, só a estrela

Que ao céu azul do dia não se brilha

Orasse ao vento seu sonho de estrela

Fosse cadente, nessa hora cairia

E o vento como que por magia

Sacode a vida em tons de alegria

Lá de fora se era sol ou se chovia

Ficou mais clara e valente a poesia

E quando se encerra a boa hora

O menino aumentado se espia

A Natureza, inconsolável, chora

De saudades daquele canto-guia.